domingo, 18 de janeiro de 2015

ABUSO ESPIRITUAL, COMO NÃO SER UMA VÍTIMA


     DEFINIÇÃO DO TERMO - Abuso espiritual é o uso da posição de liderança ou do poder para seduzir, influenciar e manipular as pessoas a fim de alcançar interesses próprios.

     Os praticantes do abuso espiritual são muito hábeis para passar a impressão de que o que querem é do interesse de Deus e da sua obra quando, na realidade o que buscam é seu próprio interesse. O evangelho "barato", pregado atualmente por algumas igrejas gerou um grande número de pastores, bispos, apóstolos e lideres que não medem consequências para alcançar seus objetivos. Esse mesmo estranho evangelho também permitiu a abertura de igrejas por pessoas totalmente despreparadas que se auto-intitularam pastores.

     Geralmente eles são oriundos de alguma igreja onde não tiveram oportunidade no ministério. Existem também os que estão interessadas apenas em conseguir recursos financeiros, e exercer poder. E por último existem os que são servos de Deus sinceros, mas por não possuírem qualificação ou chamado para o cargo, são inseguros e essa insegurança é disfarçada por um autoritarismo exarcebado. O certo é que a maioria deles são danosos aos membros de sua congregação, gerando um grande número de pessoas feridas e decepcionadas com o evangelho.



     CONVITE AO ABUSO - As igrejas são constituídas num sistema hierárquico que consiste num verdadeiro convite ao abuso religioso. Esse tipo de regime autocrático centrado na figura carismática do pastor predomina nas igrejas mais novas, em especial nas pentecostais e neopentecostais surgidas nos últimos trinta anos. Claro que não podemos generalizar, pois nesse meio tempo também surgiram igrejas sérias, fundadas por homens de Deus, com único objetivo de pregar o verdadeiro evangelho e ganhar almas para o Reino de Deus.

     O pastor Paulo Romeiro escreveu no livro "Decepcionados com a Graça": “Em termos de governo, o neopentecostalismo verticalizou a igreja. O líder forte no topo da pirâmide, que não presta contas a ninguém, que toma decisões sozinho em questões financeiras e doutrinárias, acaba tirando das pessoas a oportunidade de funcionarem como um corpo, como deve ser a igreja. Em tais circunstâncias, os abusos se multiplicam. Alguns líderes religiosos têm dificuldade de administrar o poder”.

     Por ter uma organização mais democrática, com estabelecimento de conselhos e assembleias, as igrejas protestantes históricas são um pouco menos tentadas nessas áreas, embora não estejam imunes.

     CARACTERÍSTICAS DO ABUSO ESPIRITUAL - Na maioria das vezes o abuso espiritual se origina por posições doutrinárias anti-bíblicas. Mas ele ocorre também porque os interesses pessoais de um líder, ainda que legítimos, são satisfeitos de maneira ilegítima.

     Sistemas religiosos espiritualmente abusivos são comumente descritos como legalistas, controladores mentais, religiosamente viciadores, e autoritários. Apresenta as seguintes características:

     LIDERANÇA AUTORITÁRIA - A característica mais evidente de um sistema religioso abusivo, ou de um líder abusivo, é a ênfase excessiva em sua autoridade. Normalmente o grupo se diz ter sido estabelecido diretamente por Deus, e, portanto, seus líderes se consideram como tendo o direito de comandar seus seguidores.

     Em Mateus 23:1–2 Jesus disse que "na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus", uma posição de autoridade espiritual. Ainda que outros termos sejam usados, essa posição, nos grupos abusivos, é de poder, e não de autoridade moral.

     Àqueles que se submetem incondicionalmente, são prometidas bênçãos espirituais. A eles é dito que devem se submeter completamente, sem o direito de questionar os líderes; se os líderes estiverem errados, isso é problema deles com Deus, e Deus ainda assim abençoará àqueles que se submetem incondicionalmente.

     PROIBIÇÃO DE CRÍTICAS - O sistema religioso, por não ser baseado na verdade, não pode permitir questionamentos, dissensões, ou discussões aberta sobre questões. A pessoa que questiona se torna o próprio problema, ao invés da questão que ela levantou.

     As resoluções sobre qualquer questão vêm diretamente do topo da hierarquia, que são passadas sem abertura para qualquer indagação. Qualquer tipo de questionamento é considerado como desafio à autoridade, ou rebelião.

     O pensamento autônomo é desencorajado, sob a alegação de que ele leva à dúvida, que por sua vez é vista como sendo falta de fé em Deus e em seus líderes ungidos. Desse modo, os seguidores procuram controlar seus próprios pensamentos, por medo de que possam estar questionando Deus.

     APARENCIA EXTERNA - Tais lideranças procuram sempre manter uma aparência de santidade. A história do grupo ou organização geralmente é distorcida para dar a impressão de que têm um relacionamento especial com Deus.

     O caráter duvidoso de tais lideranças é negado ou encoberto para que sua autoridade não seja questionada, e para manter as aparências. Padrões legalistas de pensamento e comportamento, impossíveis de serem mantidos, são impostos aos membros.

     O fracasso em manter tais padrões é usado como constante lembrete de que eles são inferiores aos líderes, e, portanto devem se submeter a eles. Apenas uma imagem positiva do grupo é apresentada àqueles que não fazem parte dele, porque a verdade sobre o sistema religioso abusivo seria obviamente rejeitada se fosse conhecida.

     Os líderes, normalmente, mantêm segredos que não divulgam a suas congregações. Esse sigilo está baseado na desconfiança geral dos outros, porque o sistema é falso e não pode resistir a escrutínios.

     DESEQUILÍBRIO - Os grupos abusivos têm de se distinguir de todos os outros grupos religiosos para que possam alegar serem únicos e especiais para Deus.

     Isso normalmente é feito através de uma ênfase exagerada em posições doutrinárias menos centrais, através de legalismo extremo, ou uso de métodos peculiares de interpretação bíblica.

     Dessa forma, suas conclusões e crenças são exibidas como prova de que são únicos e especiais para Deus. Em Mateus 23, Jesus nos dá uma importante descrição dos líderes espirituais abusivos.

     Em Gálatas, Paulo argumenta contra aqueles que queriam impor um cristianismo legalista, subvertendo a mensagem do evangelho. Jesus Cristo era Deus encarnado, a segunda Pessoa da Trindade, o Criador do universo, mas não usou essa autoridade para subjugar seus discípulos, para colocá-los sob o jugo de regras e regulamentos legalistas.

     Nem tampouco Jesus procurava manter as aparências externas. Aos fariseus legalistas, Jesus aplicou as palavras de Isaías: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mt. 15:9).

     Jesus não era paranoico como os líderes abusivos, seu ministério era transparente ao publico (Jo.18:19–21), não tinha nada a esconder. Jesus não só criticou os líderes religiosos por suas doutrinas errôneas (Mt. 15:1–9; 23:1–39; etc.), mas também, quando criticado, ele não os silenciou, mas deu-lhes respostas bíblicas e racionais às suas objeções (Lc. 5:29–35; 7:36–47).

     TUDO PELA VISÃO - Líderes que cometem abusos contra os membros de sua igreja, geralmente estão obcecados por uma visão. Estão convencidos que receberam uma visão divina, e em nome dessa visão passam por cima de tudo e de todos.

     Quando o líder entende que recebeu uma visão de Deus para sua igreja, tudo passa a ter valor inferior. Tudo e todos na igreja devem ser direcionados para a visão do líder. Nada pode ser feito se estiver fora da visão. Quem não quer participar da visão começa a ser discriminado e colocado como rebelde. A mais importante missão da igreja, que é pregar o evangelho começa a ser colocado em segundo lugar. As pessoas que estão na igreja para receberem cuidados pastorais, vão sendo esquecidas.

     Muitas vezes o líder está tão embevecido pela pressa de incutir na cabeça das pessoas a sua visão que nem nota que está ferindo pessoas. Começa a separar o “joio do trigo”. Quem aceita a visão é “trigo”, quem não aceita é “joio”, e passa a ser tratado diante de toda congregação como rebelde, desobediente e infiel. As humilhações em publico passam a acontecer naturalmente. Isso é feito para que outros não trilhem o mesmo caminho do “rebelde”. E assim muita gente se cala com medo das consequências ou por não ter coragem de desafiar o líder.

     MEDO NOS MEMBROS - Outro modo muito utilizado de abuso contra os membros de uma igreja é colocar o medo no coração das pessoas. O pastor começa a pregar coisas do tipo: “Se você não der o dizimo, Deus mandará o devorador, o gafanhoto para destruir o que é seu”; “A rebeldia é como pecado de feitiçaria” e outras coisas do gênero. O uso de versículos fora do contexto, neste caso são utilizados constantemente para validar as estranhas doutrinas da liderança.

     Ensinam que quando alguém comete um pecado está abrindo brechas para Satanás agir em sua vida, está dando “legalidade ao diabo”. Parece que qualquer deslize que se comete, é como se desse uma senha secreta para o diabo apropriar-se da pessoa e de seus bens. É uma doutrina esdrúxula que só serve para manter o seguidor cativo à igreja. Que Deus é esse que a qualquer pequeno erro de um filho seu, Ele o entrega a Satanás?

     Também não tem base bíblica à atitude de alguns líderes que querem prender as pessoas na sua igreja com ameaças de saírem “debaixo de maldição” se mudar de igreja. Numa igreja saudável com um pastor equilibrado as pessoas podem mudar para outra igreja sempre que assim o desejarem. A pessoa é livre para servir a Deus onde se sentir melhor.

     COBERTURA ESPIRITUAL - Novas doutrinas difundidas pelo movimento neopentecostal, também colaboram para o crescimento dos excessos. Uma delas é o ensino sobre “cobertura espiritual”, que concede ao líder posição de autoridade e responsabilidade espiritual sobre todos os membros de sua igreja. Quem sair de sua cobertura fica sem defesas contra o inimigo, Deus sequer ouve suas orações.

     O termo “Cobertura Espiritual” baseia-se em uma doutrina falsa, que nada mais é que abuso religioso. Não tem base bíblica. Nossa cobertura espiritual é o amor de Deus, que se estende sobre nós como um lençol. Como alguém humano e falível poderia ser cobertura espiritual? Não tem sustentação, é manipulação.



     Numa igreja saudável, espiritual e emocionalmente equilibrada, todos os membros oram uns pelos outros, compartilham e dividem os “fardos” como manda a Bíblia (Gl 6.2). Não é apenas a oração do pastor que tem validade diante de Deus. Todos somos filhos, então todos estamos sob a cobertura de Deus.



     O UNGIDO DO SENHOR - O pastor Ed René Kivitz, comenta no livro "Feridos em Nome de Deus": “Outro meio de abuso é o conceito difundido de que o pastor é o “ungido do Senhor”. Este conceito é do Velho Testamento. Muitas igrejas evangélicas, especialmente as pentecostais e neopentecostais tratam sua liderança como eram tratados os profetas do passado, com reverencia intocável. Isso tudo é coisa do Velho Testamento. No Novo Testamento não há hierarquização, todos somos sacerdotes, somos nivelados. Há hierarquia no governo eclesiástico, ou seja, o pastor é autoridade sobre o membro no que diz respeito ao governo da igreja, mas não no que diz respeito à experiência pessoal com Deus. O pastor não é intermediário entre o rebanho e Deus, este papel pertence a Jesus, único mediador entre Deus e os homens. A única mediação que existe é a de Jesus Cristo. Está errada essa visão do Antigo Testamento de que o pastor é um oráculo profético. Isso não tem espaço no cristianismo”.



     TIPOS DE PASTORES QUE COMETEM ABUSOS - Como já citamos no início desse estudo, existem vários tipos de pastores que cometem abusos. Vamos comentar aqui sobre os dois tipos mais comuns, citados no livro "Outra Espiritualidade", pela clareza como são definidos.



     PASTORES-LOBOS - São lobos vestidos de pastores. São corrompidos, alguns conscientemente, outros sinceramente enganados. Mas corrompidos na alma, na mente e no coração. Corrompidos no entendimento da verdade, na relação do sagrado com o divino. São pastores de si mesmos. Homens que se utilizam da fé e do desespero alheios para alcançar seus próprios objetivos, servir seus próprios interesses que é: implementar sua visão particular, desenvolver seu projeto pessoal de poder. São homens que atuam no ramo da religião, no segmento evangélico, mas que estão absolutamente distantes do Evangelho de Jesus. Distantes de sua mensagem, de seu espírito, de seu caráter, de seus propósitos, de seus valores e de seus conteúdos mais profundos. São os grandes geradores de ovelhas feridas. São os maiores abusadores do rebanho.



    PASTORES-OVELHAS - Estes são ovelhas vestidos de pastores. São cristãos sinceros e dedicados a obra de Deus, mas que jamais deveriam ter sido investidos da autoridade pastoral por não terem chamado para essa função. Homens que pretendem servir a Deus, e o fazem com integridade e sinceridade ao longo dos anos, mas que nunca foram separados pelo Espírito Santo, isto é o Espírito Santo jamais os constituiu pastores, foram colocados por decisão humana. Falta-lhes autoridade divina. Falta-lhes coração e alma de pastor. Falta-lhes entranhas de pastor. Receberam o cetro, receberam o titulo, mas não receberam o mais importante, a unção de Deus para o cargo. E essa não pode ser forjada, inventada ou manipulada. Seriam ótimos crentes, ótimos pregadores do evangelho, mas são péssimos pastores. Estes geralmente são inseguros e querendo mostrar sua autoridade, exageram e passam a dirigir a igreja ditatorialmente, não aceitam interferência em suas decisões. Não cometem abusos propositadamente.



     AS VÍTIMAS DO ABUSO - Os abusos espirituais continuam acontecendo e vai deixando atrás de si um enorme número de pessoas que não querem nem ouvir falar em igreja evangélica. Não é difícil encontrá-los. Alguns formaram comunidades na Internet para se ajudarem, e muitos estão sendo cuidados em consultórios de psicanálise. O abuso deixa marcas profundas. Traumas psicológicos, depressão e até doenças graves são relatadas pelas vitimas.

     O abuso religioso é um assunto bem discutido em livros, revistas e internet, mas que ainda não está esgotado porque as coisas continuam acontecendo. Muitas publicações foram feitas com o intuito de alertar para esses males, mas infelizmente poucos são alcançados. Por isso neste espaço também queremos falar sobre o assunto, já que quanto mais avisos, mais pessoas podem ser alcançadas.

     O abuso Espiritual tem um efeito devastador na vida das pessoas. Elas normalmente depositam um alto grau de confiança em seus líderes, os quais deveriam honrar e guardar tal confiança. Quando essa confiança é traída, a ferida que se abre é muito grande, até mesmo a ponto da pessoa nunca mais poder confiar em líderes espirituais novamente, mesmo que eles sejam legítimos.

     Além de desenvolverem medo e desilusão com relação a líderes religiosos, as vítimas de abuso espiritual muitas vezes têm dificuldade em confiar em Deus. Elas se perguntam, "como é que Deus pode ter permitido que isso acontecesse comigo? Tudo o que eu queria era amá-lo e servi-lo!”.

     Muitas vezes, essas pessoas desenvolvem grande rancor, que se não for tratado, pode estabelecer raízes de amargura e incredulidade com relação a tudo que seja espiritual. Para que haja uma recuperação dos males causados pelo abuso espiritual, é preciso que a vítima entenda o que aconteceu, por que aconteceu, e como aconteceu. Precisa entender que ela não é a única pessoa vitimada por esse tipo de abuso. Ela deve procurar grupos de apoio, e ser contínua e pacientemente ensinada sobre a graça de Deus.



TODOS PODEM SER VÍTIMAS - Por mais estranho que possa parecer, o abuso espiritual não acontece apenas contra pessoas simples e de baixo nível escolar. A verdade é que pessoas esclarecidas e de classe alta, são facilmente manipuladas e se tornam escravas de lideres maquiavélicos. As pessoas manipuladas deixam de usar a razão e passam a ouvir o coração. Quando se dão conta do que está acontecendo com elas geralmente já se encontram no fundo do poço. Já perderam quase tudo que tinham, já não tem mais amigos, se afastou dos familiares e muitos perderam esposa ou esposo. Tudo para servir integralmente a igreja (pastor).



     COMO SE PREVINIR DO ABUSO ESPIRITUAL - Existem algumas maneiras de identificar o abuso espiritual, mas não há uma regra básica, já que todos os dias são criadas novas técnicas de abordagem para “aprisionar” os incautos.

Cuidado com frases do tipo:



“Você ainda não recebeu nossa visão”;

“Isso é uma verdade espiritual que você ainda não tem condições de entender”;

“Abençoe-me e você será abençoado”;

“Não toque no Ungido do Senhor”.

Fique Atento e:

1 - Não aceite nada que não possa ser questionado.

2 - Preste atenção se o líder tem tendência de se autoelogiar.

3 - Preste atenção se a “visão” da igreja é mais importante que as pessoas.

4 - Seu pastor lhe causa medo? Ele ameaça os membros com revelações sobre sua vida pessoal? Vive dizendo que Deus lhe mostra tudo que acontece ou o que as pessoas fazem de errado?

5 - Observe se seu pastor trata de maneira mais próxima os membros que tem uma posição financeira melhor.

6 - Se é comum alguém ser escolhido para ser humilhado diante de todos.

7 - Não idolatre seu pastor. Por mais carismático que ele seja, trate-o apenas como pastor, respeitando-o como autoridade eclesiástica, mas nunca como um "deus" ou pessoa infalível.

     Servir a Deus é maravilhoso, mas isso não quer dizer que você deva se separar dos amigos e da família por não serem crentes. Continue tendo amigos descrentes, continue com seus laços familiares. Ir à festa de família não o obriga a utilizar bebida alcoólica, muito menos participar de conversas inadequadas. Estando entre amigos e familiares descrentes você terá oportunidade de falar do evangelho para eles.

     COMUNHÃO COM DEUS - Faz parte da natureza humana a transferência de responsabilidade, mas a experiência espiritual não permite a transferência de responsabilidade. Ninguém se relaciona com Deus em nome de outro alguém, cada um se relaciona por si mesmo. Então, que cada cristão procure se relacionar com Deus, independente do que pensa alguém da liderança da igreja sobre suas orações. Se disserem que sua oração é “fraca” não chega ao céu, não se preocupe quem está recebendo sua súplica é Deus. Você está orando em nome de Jesus e não de seu líder. Isto quer dizer que sua comunhão com Deus não pode ser medida pela liderança de sua igreja.

     PASTOR PODE SER QUESTIONADO - Acreditar que o pastor tem uma visão iluminada a respeito das verdades espirituais e que ele sempre conhece mais a Bíblia que todos na comunidade, é um erro de avaliação. Isso facilita a supremacia do pastor sobre todos. Tudo que ele diz se torna verdade. O líder passa a ser intocável. Quem tenta questioná-lo é tratado como endemoninhado, sem visão e “ovelha negra”. Não deve ser assim, o pastor pode e deve ser contestado quando está usando a Bíblia de maneira errada. O pastor pode e deve aceitar questionamentos e contestações dos membros, afinal todos fazem parte do corpo. Seria bom se o líder tivesse coragem de dizer que não tem resposta para todas as questões, reconhecesse que não é infalível. Pedro era uma das colunas da Igreja de Jerusalém. Paulo em comparação com ele era um “novato” no ministério, mas quando foi necessário o “novato” corrigiu a atitude do apostolo Pedro (Gl. 2:11). O próprio Paulo elogiou os crentes de Beréia, porque examinavam as Escrituras confirmando se o que o apóstolo ensinava era verdade (At. 17:11).

     PASTORES NA PLENITUDE DO ESPÍRITO - Existem pastores sérios, homens de Deus e de alta confiança. O grande problema é identificá-los. Mas ore a Deus para que você na sua busca "tropece" em algum deles. São homens que parecem que romperam a linha que nivela os mortais. Pessoas equacionadas na alma, resolvidas, que vivem no patamar do que a Bíblia chama “plenitude do Espírito”, sendo essa plenitude não uma experiência eventual, mas uma qualidade que se consolidou. São homens que receberam do Espírito Santo o chamado para o pastorado. São homens com entranhas de pastor. Homens que sabem o valor de uma ovelha para o Reino de Deus. São confiáveis, com eles você pode tratar de qualquer assunto sem medo de que ele use seus problemas contra você.

     PASTOR QUE RECONHECE SUAS LIMITAÇÕES - Pastor que reconhece que tem fragilidades, que trata suas emoções com delicadeza, que desabafa com seus auxiliares, que reconhece que pode falhar e não posa de semideus; não alimenta a dependência de pessoas do rebanho, mostrando a elas que o pastor é um ser humano e não um ser infalível, esses tem menos chances de cometer abusos.

     RECEBENDO OS FERIDOS - Existem igrejas sérias que recebem esses feridos e tentam recuperá-los. É um trabalho árduo e complicado, já que estas pessoas estão desconfiadas de tudo e de todos, cheias de traumas e até doenças geradas pelo sofrimento a que foram submetidas. Só muito amor pelas almas é que movem essas igrejas a receberem esses irmãos, Deus irá recompensá-las devidamente por esse amor.

Créditos: J. DIAS
www.santovivo.net
FONTES:
Feridos em Nome de Deus, Marília Camargo César – Mundo Cristão.
Outra Espiritualidade, Ed René Kivitz – Mundo Cristão.
Decepcionados com a Graça, Paulo Romeiro – Mundo Cristão.
AGIR – Agência de Informações Religiosas.